sábado, 7 de fevereiro de 2009

flor ação - Clarice Villac


flor ação


foto e texto : Clarice Villac
Campinas - SP

Réquiem Por Uma Jovem Amiga - Rômulo Pinto Andrade

Sucupira branca (Pterodon emarginatus)

Réquiem Por Uma Jovem Amiga

Rômulo Pinto Andrade – Brasília, DF

"o brasileiro é antes de tudo um forte fazedor de deserto"
Bernardo Élis

Tantas vezes ao passar
pude sentir a graça
de tua insinuante beleza
coberta de flores rosadas.

Quando nas ásperas tardes
de um prolongado estio
eras sombra acolhedora
para alívio dos viventes

E lágrimas misteriosas
choravas serenamente
no silêncio deste vale,
tuas sementes curativas
espalhavas generosa
pelo vento.

Hoje lanço meu lamento
por estares assim inerte
à beira de uma estrada
desolada e poeirenta
do assentamento urbano.

O golpe do machado
do homem sem raiz
estúpido
inconseqüente
atingiu o fluxo
o cerne de teu tronco
e a alegria, a vida plena
que semeavas estancou-se,
minha linda sucupira.

Quando é que nossa gente
que depende tanto das árvores
terá olhos pra esta nobreza
e defenderá a vida e o encanto
que esses seres milenares propagam?

Uma observação:
não é figura de linguagem de poeta enternecido...
a sucupira tem essa característica rara de que caem gotas d'água de suas flores em plena seca... eu não acreditei até que um dia fui pintar em sua sombra e pude confirmar que ela chora, deveras.

Ipê-Roxo, meu amigo - José Mattos

Ipê-Roxo, meu amigo

José Mattos - Santa Rita do Pardo, MS

Apeei do meu cavalo
Sob o ipê-roxo copado
Enquanto o Zaino pastava,
Eu fiquei acocorado
Imaginando o que sente
Um ipê abandonado
À sua volta é ermo
Desprovido de vizinhos
Somente terra e areia
Que açoitados pelo vento
Sufocam o ipê de poeira

Suas raízes grandes e retorcidas
Que brotam aqui e acolá
Esfoladas pelos cascos
Renitentes da vacada
Reina só o ipê-roxo
Distante de amigos e parentes
Que em seu tronco ferido
Chora resinas de dor
Levantei-me pra me ir
Quando ouvi um suspirar
De tristeza e comoção,

Sem jeito, escabreado
Enlacei o pobre moço
Dei-lhe um abraço apertado

O pobre se agitou
Por certo emocionado
Deu-me um banho de flor roxa
Que me deixou abobado
Bem, já lá vinha a noitinha
Assoviei pro meu Zaino
De um sarto sentei na sela
Dei tchau pro meu novo amigo
Que me retribuiu num muxoxo

– Tchau meu amigo, Ipê-Roxo!

Um dia Branco - José Mattos

Um dia Branco

José Mattos - Santa Rita do Pardo - MS

O dia cândido
Pousa sobre as coisas
Meus pensamentos brancos
Não me dizem nada

A manhã desliza quietinha
Nas ondas do tempo,
A vacada amuada
Se arrebanha, se encosta;
No canto da cerca...

Lá de riba descia um corguinho fino,
Descia... não desce mais:
Suas pernas fraquejaram,

Um TRATORZÃO amarelo
Pifou seu coraçãozinho;
Não desce mais...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Apresentação

O 'Cantinho Literário do SOS RIOS DO BRASIL'
reúne as contribuições literárias dos Amigos do blog SOS RIOS DO BRASIL
Funciona, assim, como um blog lateral ao SOS RIOS DO BRASIL,
que pelo dinamismo de seus colaboradores, principalmente do Professor, Físico e Ambientalista
Jarmuth de Oliveira Andrade, de Campos do Jordão, SP,
vem se tornando a cada dia referência importante de informações, reflexões, notícias e iniciativas
sobre a preservação e recuperação de nossos rios,
e dos recursos hídricos brasileiros em geral.